A Realidade Através do Espelho.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Caxangá- Conde da Boa Vista.

Praça do Derby. Avenidas intercruzadas, pessoas carregando suas solidões exclusivas coletivamente, trânsito de idéias. O semáforo anuncia num tom rubro o meu trajeto. Um esbarrão. Um passo e mais outro e outro. Traseuntes obstinados...o velho e seu pandeiro tremelicando cantigas engavetadas; uma mulher gorda vulgarmente confidenciava seus prazeres sexuais à uma amiga. Primeiro fiteiro, segundo fiteiro. É aqui, pensei. Afinal, há muito criei o péssimo hábito de aguardar o ônibus enquanto faço fumaça. - Um Hollywood, por favor. Pessoas na plataforma, mãos que se erguem, acenos. Aquele azul-cobalto não me engana, é o Caxangá-Conde da Boa Vista! Pernas-para-que-te-quero! Enfim, alcancei. Tumulto, pessoas se estapeiam, aglomerado ante as portinhas estreitas. Já não sei quem sobe, quem desce. Um velha portava inúmeras sacolas, talvez quisesse carregar o mundo consigo. Para a velha, que o corpo estalava em artrites ruidosas, o subir do degrau era escalar o Everest. Entrei. Catraca, vidraças empoeiradas sobressaíam os pingos de uma chuva esquecida.

Continua...

2 comentários:

  1. Amanhã eu to aqui esperando a continuação viu?

    rsrsrsrs...

    O enrredo tá ótimo. To curioso pra saber o que vai acontecer.

    ResponderExcluir
  2. Caramba! Que perfeição. Parabéns, Marília. Me senti nessa história. Muito bacana. Quero tbm ver o resto. Duas pessoas já, ó. =) abraço

    ResponderExcluir