A Realidade Através do Espelho.

domingo, 3 de janeiro de 2010

A amargura inevitável da existência:

O amor não existe. O que existe pura e simplesmente neste mundão de Deus são seres humanos coitados, dependentes, fracos relacionando-se com pessoas em maior ou menor nível de intensidade fingindo compartilharem suas dores para tentar amenizar o peso da existência. O amor é grotesco. Você o conhece mesmo antes de conhecê-lo. Ele é uma destas pequeninas infinitudes que com o passar do tempo tornam-se gradiosamente assustadoras por tudo que é dito a respeito. Por tudo que é cantado, dito, gritado sobre o amor, todo este saudosismo sujo. Esta campanha de divulgação desnecessária. No caminhar da vida, você se depara com esta coisa que é o amor, e ele com sua face assustadoramente simples. - Meu Deus, o amor é só isso? A rotina é cinza, a rotina fatalmente fará parte do amor. A rotina transforma o amor numa paisagem acinzentada. Ela é o câncer incurável de todos nós. Diante da opacidade das coisas, um ato ou outro surge como faísca de cor, este colorido serve para "lembrar" que você "ama" o outro. O problema é quando estas faíscas coloridas teimam em acontecer cada vez com menos frequência. Outrora as faíscas de colorido aconteciam em porções diárias, agora já surgem aos anos, como a mãe que aos poucos deixa de visitar o filho detento. Como se tivesse pena de abandonar de vez, e finge estar lá para anestesiar a dor de um impacto maior. E ainda sabendo de toda a sordidez do amor, eu ainda volto diariamente para a estranha sensação de "amar". Ave- Maria, Ô negócio esquisito!

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