A Realidade Através do Espelho.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Amor.


É São João. Há dois anos eu conheço o amor. Parece uma vida. Ou além dela. Há dois anos o trem rumou por outros trilhos e o sentido da vida tem sido outro. O melhor possível.
Amava-te antes de conhecer, pois tudo em mim já se preparava para a sua chegada. Como em um laboratório minucioso. Naquele dia, diante do espelho enquanto penteava meus cabelos, era para ti e eu nem te conhecia. Não sou alguém fácil de amar.
Quantos Eu podem caber em mim? Eu sou a infinidade de idéias, a multiplicidade de conceitos. Sou um planeta, uma pergunta. Bossa, blues e outras milongas mais. Sou tudo e nada. Sou uma antítese ambulante. Sou o que se descobre e se desmonta.
O poder da inconstância. O que assusta. Perturba. O que não aprendeu e tenta errando. Sou o que perdido se encontra e encontrado, perde-se novamente. Afasto-me de mim, encontro-me no alheio.
Eu sou um pouco de todos e um nada que é meu só meu. Penso com o coração e ajo com a cabeça. Falo duas vezes antes de pensar.
Eu sou tanta coisa que nem sei de tudo que sou.
E de ser tudo isso me perco em mim mesma.
Gosto das palavras cruas, brutas.
Nos atos, eu me desmorono. Destruo-me. E foi nesta intensidade que optei pela vida. Pelo erro das coisas. Pelos vícios. Pelo eterno caminhar do equilibrista. Pelo passo falso. Por estar à mercê do perigo. Por vagar pelo mundo e estar sempre no mesmo lugar. E diante de tudo isso um mundo vasto me espreita. Eu sou o seu oposto e o outro de você.
E te escolhi para dividir todo blues que há no mundo.
Eu sou aquela que te ama. Incomensurável e estranhamente ama.
Marília Meireles.

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